achava que não passaria dos vinte e cinco
lagartos de Jim Morrison
rasgos de Janis Joplin
cores de Jimi Hendrix
canivetes de Sid Vicious
injeções de Kurt Cobain
copos de Amy Winehouse
aos vinte e cinco me enterrei na Academia
não teve velório
não teve funeral
não teve ressurreição
apenas caixão deslacrado
tumba violada
mausoléu compartilhado
desde os vinte e cinco assombro excomungado
alma penada
espírito fantasmagórico
sentem a presença
percebem o arrepio
deixam as luzes acessas
pedem por companhia
errei na contagem
nas vontades que sinto
nos atos que agem
passei dos vinte e cinco
passei de passagem
vinte e cinco mortes
vinte e cinco vidas
vinte e cinco temperos
vinte e cinco tentativas
vinte e cinco poetas
vinte e cinco poemas
vinte e cinco diários
vinte e cinco dilemas
com vinte e cinco eu tinha vida de indigente
hoje sou quem sou dos vinte e cinco pra frente
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
Placa
ia eu a duzentos por hora
uma placa disse
reduza a verossimilhança
por mais que fosse absurdo
mantive a velocidade
eu em cima do meu burro
ia eu na rapidez da luz
outra placa repetiu
reduza a verossimilhança
por mais que fosse ruim
mantive a velocidade
eu com meu burro em cima de mim
ia eu
quando olharam
já tinha ido
e a terceira placa insistiu
reduza a verossimilhança
por mais que quisesse voltar
mantive a velocidade
eu não saí do lugar
ia eu
até não haver placa
até não haver verossimilhança
até não haver muito a ver
ia eu até
ia eu
e até
uma placa disse
reduza a verossimilhança
por mais que fosse absurdo
mantive a velocidade
eu em cima do meu burro
ia eu na rapidez da luz
outra placa repetiu
reduza a verossimilhança
por mais que fosse ruim
mantive a velocidade
eu com meu burro em cima de mim
ia eu
quando olharam
já tinha ido
e a terceira placa insistiu
reduza a verossimilhança
por mais que quisesse voltar
mantive a velocidade
eu não saí do lugar
ia eu
até não haver placa
até não haver verossimilhança
até não haver muito a ver
ia eu até
ia eu
e até
Cruzados
a minha e a sua
cruzaram tantas vezes
deu no que tinha que dar
voltemos a conversar
daqui a nove meses
cruzaram tantas vezes
deu no que tinha que dar
voltemos a conversar
daqui a nove meses
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
um país minimamente sério
o brasil seria um país minimamente sério
se fosse responsável sem encaretar
se crescesse longe de ficar sisudo
se fincasse raízes e batesse asas
o brasil seria um país minimamente sério
se vivesse fora da bolha
se conversasse de frente com o mundo
se latisse alto
se mordesse com vontade o próprio complexo de vira-lata
se fizesse uma plástica na cara de bunda
o brasil seria um país minimamente sério
se baixasse a bola
se risse um sorriso historicamente amarelo
se cada desculpa dada apagasse um gol da Alemanha
se por trás da nuvem negra viesse o sol e não outra nuvem negra
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