Meu poema não tem rima
Nem rima rica, milionária, bilionária
Que ganhou na Mega-Sena
E hoje limpa o cú com nota de cem,
Nem rima pobre, falida, miserável
Que, desdentada,
Fede sem ter onde cair morta.
Meu poema também não oferece várias interpretações
Possibilidades, sentidos,
Comentários que o levem a congressos, seminários,
Paletras, encontros, saraus, mesas de bar
Ele nem mesmo cabe em caderno, livro,
Bloco ou guardanapo.
É poema difícil, inquieto, incômodo, rebelde
Desertado do Olimpo por espetar a bunda dos deuses
Despir suas deusas
Adulterar seu vinho,
Expulso do paraíso como aquele anjo caído
Que hoje crava suas pegadas de fogo
Por essas bandas.
Meu poema tem o sagrado no maldito
O belo no grotesco
O verso no inverso de concursos, disputas, classificações
Dispensa prêmios, honras, aplausos, reconhecimento
O que ele diz, basta
O que ele é, basta.
Poema-desertor
Meu poema não é meu
Eu não sou do meu poema
Apenas temos interesses em comum
Prazeres a dividir
Oriundos de uma simpatia recíproca
Depois ele vai embora
E outro vem
Desacatar a ordem
Dar língua para o mestre
E fazer careta no tribunal.
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6 comentários:
"Apenas temos interesses em comum / Prazeres a dividir"
Demais essa idéia, cara!
Muito bom cara!!!
Adorei!
Duda
Nossa, Dio!
Ficou D+++++++!!
gostei muito destas linhas...
parabéns, sua poesia é melódica e desertora, sinal de independência, talento e sensibilidade.
Dio,certa vez no Ratos Di Versos tu me deste um exemplar de um pequenino livro.IMPRESSIONANTE!Todos os poemas são no mínino bons e vários bom pra caralho.Esse que acabei de ler tb gostei muito.Quero que saiba que volta e meia leio um lá no Ratos. O que ficou na minha cabeça até hoje foi "enquanto seguimos cegos e a saga segue",sonoridade e substância na medida certa.Apareça no Ratos e no www.verbologue.zip.net,abraço DuduPererê
Brilhante como de costume! Parabéns mestre! Abraço!
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