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sábado, 11 de dezembro de 2010

Centenário de Noel Rosa

11 de dezembro de 1910 - 11 de dezembro de 2010.





Minha parceria centenária com Noel Rosa: Vila

A Vila em dó maior
dá na garganta um nó
com um ré na história.

No braço do violão
apresenta à nova geração
relíquias da memória.

O mi bem dado do músico
com um fá com sétima lúdico
é a atração do bar.

O sol se põe no acorde
e lá vem a noite pra sorte
daqueles que querem sambar.

Vila - pilha do meu samba
passa das três da manhã
e todo mundo ainda canta.

Vila - boemia que atrai
passa das três da manhã
e ninguém se vai.

Baile Funk

Fui ao baile funk completamente nu
e despido do olhar pré-feito
o prefeito do salão
à presidente foi eleito
descendo até o chão
daquele jeito
numa celebração à resistência
à potência do batidão
sem pedir clemência
à higienização dos becos
dos guetos
dos pretos
no chicote da pele
na fuga do sangue
na senzala do corpo
na lei áurea da alma.

Com a noite em si
e a lua nos olhos
colou na cinturinha da Barra
mordeu o pescocinho de Ipanema
pegou na nuca de Copacabana
conheceu o high society
e Caxias dormiu feliz
coberto com suor de festa.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Intervalo

Sentido
sem tido
tempo
de temperá-lo
me interno
no seu intervalo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Um por todos

Falávamos de bebidas, mulheres, futebol,
drogas, música, arte,
teores alcoólicos, gostosas nuas, sistemas táticos,
substâncias, bandas, livros...
entre peidos, arrotos, palavrões,
gritos e coçadas no saco...
sem esposas, noivas, namoradas,
mães, tias, avós...

Éramos bêbados, mulherengos, torcedores,
mal educados, largados, felizes,
livres...

Um dia a namorada foi embora
a noiva jogou o anel fora
a esposa sumiu com os filhos
a mãe largou o pai
a tia fugiu com o vizinho
a avó encontrou o avô no céu...

E antes que morrêssemos de cirrose
que ficássemos sem voz
que sumissem os palavrões
que queimassem os livros
que censurassem a sacanagem...

soubemos que a namorada levara um pé na bunda
que a noiva virara puta
que a esposa vendera os filhos
que a mãe morrera na mão do amante
que a tia sumira do mapa
que a avó caíra no esquecimento...

e todas voltaram sem nome, sobrenome,
pronome, definição, designação,
sentido fechado, signo reduzido...
voltaram em cada gota, em cada trago,
em cada comentário, em cada gesto,
em cada um...
no que falávamos, no que éramos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Diniz

Diz, Diniz:
quadro branco ou a giz?
Versos pensados ou febrís?
O que te faz feliz?
Conseguir?
Ficar por um triz?
O que te faz pedir bis, Diniz?

Diniz:
com o mar temos um elo
cujas ondas nos fizeram um favor
troxeram Diniz, o professor
e ganhamos o amigo Marcelo.

domingo, 19 de setembro de 2010

Stress

Ela disse não
quando ele quis ela
deu confusão
na passarela
casaco jogado no chão
ódio entalado na goela
causaram comoção
as lágrimas dela
e o sujeito cuzão,
babaca, péla-
saco, sem noção
voltou pra cela.

Mesmo dada a lição
se uma semana depois daquela
vejo os dois de pegação...
eu meto a porrada é nela!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Quadrilha de um só (A Bruxa e eu)

Eu matei José
Atirei-lhe uma pedra no focinho
Bebi conhaque paraguaio
No meio do caminho

Torto, torto, torto.

Raimundo também foi morto
Não acharam rima ou solução no corpo
Não fui eu, foi a bruxa
Sem sentimento nas mãos
E todo o vazio do mundo.

Esquartejamos juntos o elefante
Da criança de qualquer tempo
Rasgamos o vestido de outra mãe
Com ela dentro.

Vã não é a luta
É a procura ditada pela recusa
Não dói, minha bruxa
minha musa.

Largue-me por aí sem pilha
Esta quadrilha de um só
O impossível é ruim
O possível, pior.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ainda falarão de você

Ainda falarão de você
na sua língua, nas outras
e as vezes não serão poucas.

Nos tempos à frente
falarão de você
pra entender a gente.

Falarão de você
ao dialogar com a igreja
e enquanto um bate e o outro beija
o veremos presente
no presente de ver
pela lente da sua imensidão
que ainda falarão de você.

Ao reverenciar heróis
seus riscos
rabiscos reflexivos
os saudaremos
e entre um brinde e um trago
ainda falarão de você, Saramago.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Disco

Peguei um disco voador
botei na vitrola
e viajei no seu chiado alienígena.

Em cada faixa
as boas vindas
e mesmo pulando
com os buracos negros da galáxia
o disco roda
na rotação máxima!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

Poem for Saint Patrick's Day

May you find....

tranquility along the edge of the ocean on St. Patrick's Day morn' , as the mist and refreshing March winds caress your skin,

the lighthouse to give you hope and light your path, no matter how rugged the waves may be,.

the sound of the bagpipes and Celtic music, for it will touch your heart and soul as it leads you back to the cottage where love awaits you,

a four leaf clover to signify an abundance of friends, family, forgiveness, and inner peace,

your true calling in this time of economic hardship, for there may be many talents which you possess on this St. Patrick's Day morn'.

the strength to run through the weeds and rocky soil so that you may find the plush, emerald green hills,

the true meaning of strength, endurance, love, passion, and peacefulness,

the sunbeams fighting its way through the branches of the trees,

harmony and balance in your life, and remember that the pot of gold may around the corner,

a time to celebrate and reminisce about the old times with friends who travelled down every rocky road with you,

it in your heart to say that you are sorry to someone who you have hurt, or thank a person who made sacrifices for you along the way.

humor in every hour of St. Patrick's Day, and to share a smile.

time to remember the sound of your doorbell as a friend stopped by to see you and to make sure that you were okay on a gloomy day,

the first yellow Spring flower popping up in your garden on St. Patrick's Day morn',

the time to embrace a person who you may not have seen in a while,

a way to cross the same path of an old friend who has helped you in the past, and offer him or her a drink of Irish cheer,

a special place in your heart to let go of your past mistakes and realize your unique personality and goodness, no matter how confusing your life may have been,

a seat at the tavern or pub on this festive day, and ask an old friend to share funny stories and eat corned beef,

a moment to cherish your friends who may have lent you a few dollars along the way, who offered to give you a ride home when your car did not start, or a person who offered you a helping hand even for the simplest of things,

all of these memories and special things which will bring you a tear of joy on St. Patrick's morn',

a peaceful moment to realize that a four leaf clover, a rainbow, and pot of gold are never far from your heart or mind,

it in your heart to realize that people who love you will remember you for your good qualities, talents, and different threads of your coat,

love at every corner of the pub or emerald hills,

time to look in the mirror and notice your twinkling eyes and vivacious smile as the wisdom lines fade away on this special morn,'

your four leaf clover, pot of gold and rainbow, which are the people in your life who love you, and who know how to make you laugh on this St. Patrick's morn'.

a sentimental photo or card from a person that you have not heard from in a while which will make you realize the good ways which you impacted someone's life on this St. Patrick's Day morn,"

your special beverage stocked at the bar, with many people to give you a toast!

Happy St. Patrick's Day to everyone!



By Joanna M Leone



Source: http://www.authorsden.com/visit/viewPoetry.asp?id=250672

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Letras Tortas VIII

A oitava edição do Letras Tortas foi dedicada aos alunos de Letras que concluíram seu curso de graduação com louvor. Após toda a parte formal das festividades, era chegada a hora de "bebemorar" lá no Rio 40 Graus, como fora previamente marcado. Quem foi e bebeu como a cartilha do nosso grupo diz, não lembra de muita coisa por motivos óbvios. Quem não bebeu e foi, lembra de muita coisa. Quem não foi, perdeu.

Mas será que perdeu mesmo? Em parte, sim. Porém, quem acompanha a saga do Letras Tortas, sabe que, aqui, sempre há um espaço dedicado ao registro das nossas noites especiais. E a noite de 26 de fevereiro de 2010 foi uma delas. Aí vai um pouco dela.





Brinde!





Manda ver daí...





...que eu mando ver daqui.





Meda!!!





Ouve, Gabi, ouve.





Cala-te! (FOTO CENSURADA)





"O bar vai fechar. Aonde a gente continua?"







Aproveitando a frase acima, é chegada a hora delas: as frases!!!




"MÃE A GENTE NUNCA DEVE CONFIAR."




"BIFE COM TUTU."




"NA PISCINA DA MÁRCIA, QUALQUER UM TRANSCENDE."




"EU LEVO A LUCIANA PRA CASA."




"CALMA LUCIANA, VAI DAR TUDO CERTO."




"ERA UMA COISA MUITO RÁPIDA."




"VOCÊ ACHA QUE VOCÊ CONSEGUE TREPAR?"




"NÃO É O DIDI MOCÓ?"




"MANDO ESSA MULHER À MERDA."




"É, DIO, A COISA É LÁ EMBAIXO."




"A GABI É UM PUFF."




"ERIC - MINHA PEQUENA SEREIA."




"ELA CHORAVA COM A TROMBA."




"DUMBO FICA DOIDÃO."




"COMI CARNE, BEBI CERVEJA. PUTA QUE PARIU! ACABEI COM A MINHA QUARESMA!"




"É O PROCESSO DE KAFKA?"




"FOI UM BACANAL COM FEZES E URINA."




"JOÃO BOSCO? BÁ BÁ BÍ BÍ BÍ BÓ BÓÓÓÓÓÓÓÓ."




"VOCÊ COMEU O COCÔ DELA?"




"EU SENTEI NA PORRA DO TROÇO."




"MORGANA ACHA QUE TODO MUNDO É GAY."




"EU QUERO A SUA MOELA."




"VOCÊ É VOCÊ, VIU?"





É com você mesmo, mocinho!





As flores de plástico não morrem. Mas essa...





Amigos tortos de bar.





Mesa 1





Mesa 2





Bonde do mal se despedindo. Até a próxima!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Encarna

Tire a roupa do dia-a-dia
ela terá você pelo resto do ano
guarde-a numa gaveta fria
para o retorno ao cotidiano.

Hoje é a vez da fantasia
- aquela por debaixo do pano -
fazer-te reencontrar com a alegria
de um folião soberano.

4 são mais do que 361
a quarta tem cinzas de um final de domingo
até lá é laiá, laiá, laiá
sem axé baiano ou funk proibido
indo atrás da marchinha
de quando nem se era nascido.

Tudo para e vara a madrugada
o funcionário não presta conta das bocas que beija
dos documentos que pega (e não se apega)
dos horários
dos limites do corpo
o contrato é temporário
ano que vem, renova-se de novo.

Quando o confete acabar
e a serpentina ficar mal
sozinha pra brincar
então será o sinal
de recolher o que sobrar
com um novo dia cheio de moral
impondo as chatices que há
quando não se tem carnaval.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

domingo, 10 de janeiro de 2010

Porra é amor, porra?

Após uma longa e trabalhosa jornada de pesquisas e leituras, o final de semana, o sofá e a televisão eram meus amigos de plena vagabundagem. O sábado de sol estava lá, quieto, em silêncio, passando em branco, sem se atrever a tirar aquela paz de mim. O sofá abriu seus braços e aceitou meu corpo quase moribundo sem reclamações ou conselhos. E a tv decorava a cena pouco se importando com minha atenção distraída. Nada, absolutamente nada, poderia me tirar daquele mantra interno.

Estava tudo muito zen para ser verdade. Pisquei os olhos e me vi em um show da Rita Lee que aprontava das suas naquele quadro estático, entretanto nem um pouco irrelevante. "Bem, ao menos não é a Lady Gaga" - pensei, abrindo um sorriso simpático à mãe do Rock nacional. Comecei a curtir a apresentação até ouvir "Lança Perfume". Não lembro quantas centenas de vezes já ouvi aquela música. Porém, naquele momento, os versos "me deixa de quatro ano ato, me enche de amor" fizeram parar o mundo. Senti o show acabar, o sofá incomodar, a tv ficar fora do ar e o sábado de sol virar uma segunda de chuva.


"Me deixa de quatro no ato, me enche de amor". Era a única coisa que eu ouvia. Quem tentasse falar comigo, eu só leria nos lábios da pessoa "me deixa de quatro no ato, me enche de amor". Ainda bem que eu estava sozinho e não em uma igreja.

O efeito daqueles versos fez de mim um campo de problematização. Da específica problematização daquelas palavras. "Me deixa de quatro no ato, me enche de amor". O "me enche de amor" como consequência do "me deixa de quatro no ato" me fez enxergar, com outros olhos, algo que, até então, para mim, era apenas mais um produto do corpo masculino em plena ação na música: a porra. Ela que é tão desgastada no cotidiano de conversas informais. Ela que é tão conhecida dos adolescentes. Ela que é amada e odiada tanto quanto qualquer figura pública ilustre. Estaria ela, naquela música, recebendo uma ode?

Sim, a porra. E eu pergunto: de acordo com "me deixa de quatro no ato, me enche de amor", porra é amor? Silêncio...

Mas se é amor, por quê tantas mulheres a rejeitam? Elas não querem amar? Só querem sexo? Não adianta, ela estará lá. E a rejeição delas também. E aquelas mulheres que a adoram? Seria o caso de mulheres que amam demais? E os adolescentes que amam sozinhos por horas e horas no banheiro ou no quarto com a porta fechada? Amar ainda é tabu? Quem não ama? Quem não procura um amor verdadeiro? E quem diz que "beijo com amor é mais gostoso", hein? Que beijo será esse?

Espero que esta dúvida comova você a ponto de me ajudar a responder a pergunta que fez aquele corpo deitado no sofá correr para o computador e digitar este pedido de socorro. Afinal de contas: porra é amor, porra????