acordei vigiado na véspera do meu aniversário
a janela e a televisão me observavam
o rádio e o telefone me ouviam
saí da cama olhando cautelosamente onde pisava
quase tomei banho com a escova de dente
quase escovei os dentes com o sabonete
o circuito de segurança gravava o último farelo de pão do meu café da manhã
a janela e a televisão me observavam
o rádio e o telefone me ouviam
saí da cama olhando cautelosamente onde pisava
quase tomei banho com a escova de dente
quase escovei os dentes com o sabonete
o circuito de segurança gravava o último farelo de pão do meu café da manhã
as ruas tinham outro roteiro
os sinais de trânsito alternavam entre o amarelo e o vermelho
as esquinas iam pra lugar nenhum
as pessoas tais quais as palavras eram poucas
as pessoas tais quais as palavras não diziam muito
braços e pernas a todo vapor
cabeças estacionadas
os sinais de trânsito alternavam entre o amarelo e o vermelho
as esquinas iam pra lugar nenhum
as pessoas tais quais as palavras eram poucas
as pessoas tais quais as palavras não diziam muito
braços e pernas a todo vapor
cabeças estacionadas
minha casa não estava mais no mesmo lugar
dormi de olhos abertos
dormi de olhos abertos
o galo cantou seu canto de despertar
era meu aniversário
soprei a vela
meus olhos estavam acessos
as veias, pra fora
meu fôlego tinha sede
o coração dos que vivem
a alma dos que não morrem
a voz dos que estão presentes
era meu aniversário
soprei a vela
meus olhos estavam acessos
as veias, pra fora
meu fôlego tinha sede
o coração dos que vivem
a alma dos que não morrem
a voz dos que estão presentes
sou poeta
por poeta ser
sou marginal
fui ainda mais marginalizado
pelo panorama atual
por poeta ser
sou marginal
fui ainda mais marginalizado
pelo panorama atual
todo golpe gera um contra-golpe
o meu quem diria
é despertar a cada aniversário
e aniversariar todo dia
o meu quem diria
é despertar a cada aniversário
e aniversariar todo dia
Nenhum comentário:
Postar um comentário