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segunda-feira, 20 de junho de 2016

12 de maio de 2016

acordei vigiado na véspera do meu aniversário
a janela e a televisão me observavam
o rádio e o telefone me ouviam
saí da cama olhando cautelosamente onde pisava
quase tomei banho com a escova de dente
quase escovei os dentes com o sabonete
o circuito de segurança gravava o último farelo de pão do meu café da manhã
as ruas tinham outro roteiro
os sinais de trânsito alternavam entre o amarelo e o vermelho
as esquinas iam pra lugar nenhum
as pessoas tais quais as palavras eram poucas
as pessoas tais quais as palavras não diziam muito
braços e pernas a todo vapor
cabeças estacionadas
minha casa não estava mais no mesmo lugar
dormi de olhos abertos
o galo cantou seu canto de despertar
era meu aniversário
soprei a vela
meus olhos estavam acessos
as veias, pra fora
meu fôlego tinha sede
o coração dos que vivem
a alma dos que não morrem
a voz dos que estão presentes
sou poeta
por poeta ser
sou marginal
fui ainda mais marginalizado
pelo panorama atual
todo golpe gera um contra-golpe
o meu quem diria
é despertar a cada aniversário
e aniversariar todo dia

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