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terça-feira, 6 de novembro de 2007

Cíntia "Cidadões"

Eu fui testemunha ocular do fato. Ninguém me disse, eu estava lá, naquela conceituada unidade de ensino, com estes olhos e principalmente com estes ouvidos que identificaram o acontecido.Eu era mais um entre os quarenta e dois alunos daquela sala situada no terceiro andar do Colégio Futuros Cidadãos. O ano? 1997. Como todo colégio e toda sala de aula, cada aluno tinha características marcantes: havia o esportista, o músico, o puxa-saco... e lógico, o inteligente, que no caso era a inteligente. Seu nome? Cíntia. Menina estudiosa que dava show tanto para sanar alguma dúvida própria quanto para explicar o que ela já entendera. Mas, explicar o quê se ela era aluna e não professora? Isto era algo que manchava sua imagem diante da turma e até de alguns professores. Às vezes o assunto nem era com ela, porém sempre dava um jeito de mostrar o que achava. Uma menina até bonita mas que, devido a este jeito de ser, caiu em desgraça culminando num dia histórico.Mais um dia de aula. Estou eu sentado no fundo da sala (normal) enquanto Cíntia encontra-se praticamente colada à mesa da professora. Aula de História vai, aula de História vem e Cíntia tem uma dúvida. Professora Ana, que já conhecia a fama da menina mas até gostava, foi toda ouvidos:- Ana, eu estou com dúvida em relação ao meio de vida dos CIDADÕES brasileiros do séc. XVIII. Não só eu mas toda a sala ficou olhando-se com cara de espanto. Como? A Cíntia? Falando "cidadões"? Professora Ana disfarçou mas parecia não acreditar no que havia escutado, tanto que pediu para Cíntia falar novamente qual era sua dúvida. E Ana ouviu mais uma vez aquele "cidadões" sonoro. Os promeiros risinhos começaram a aparecer (inclusive o meu) e deram origem a um meigo apelido: Cíntia Cidadões.Demorou mais de uma semana até Cíntia perceber seu apelido e a razão do mesmo. De repente, ela viu o colégio inteiro chamando-a de Cíntia Cidadões. Até hoje pergunto-me como ela não lembrou do nome do colégio (Futuros Cidadãos) antes de soltar aquela pérola. Uma pérola que não a deixou nem um pouquinho mais bonita.

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